sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Nada se perde, nada se ganha...

Dantes, havia uma coisa chamada Unidade de Missão para a Valorização do Interior. Talvez ainda haja, não sei. Esta UMVI, diz na resolução do Conselho de Ministros que a criou, em 2016, era dirigida por um coordenador, com estatuto e gabinete equivalentes aos de sub-secretário de Estado, nomeado por despacho do Primeiro -Ministro. Como todas as estruturas interministeriais (ou seja, sem dono) em Portugal, a UMVI cumpriu de forma muito administrativa, chorona e pouco eficaz a sua missão (criar, implementar e supervisionar um programa nacional para a coesão territorial, bem como promover medidas de desenvolvimento do território do interior de natureza interministerial) . O interior não mexeu.
Agora, o interior tem uma secretaria de Estado, dita da Valorização do Interior. E, hoje, foi anunciado que o gabinete do secretário de Estado (que é o anterior coordenador da UMVI) ficará localizado em Castelo Branco. Dirão alguns que isto sim, é desconcentrar, descentralizar, apostar no interior. Aqui no Pessimista Positivo penso assim: vamos ter mais uns tecnocratas, alguns dias por semana, em Castelo Branco. Mas o que era uma política coordenada (?) pelo Primeiro-Ministro, transversal, passou a ser uma política de um ministério (o da Economia, por muito Adjunto que seja o ministro), perdendo certamente naquilo que era essencial, a concertação interministerial e interssetorial. E o novo secretário de Estado fará frequentes viagens a Lisboa, para receber instruções do seu ocupadíssimo ministro.
Não há nada de novo nem de especialmente positivo nesta mudança. Mas, seguindo a filosofia aqui da casa, também já não acontecia nada, por isso...

Santa Eufémia, Guarda. Foto original (a cores) de José Míscaro.

2 comentários:

  1. É bem possível que tenha razão. Mas uma boa parte deste problema, origina-se nas próprias pessoas.
    Dou um exemplo concreto que conheço. Évora é uma das cidades portuguesas de que mais gosto. E onde, de algum modo, não me importaria de viver. Grande parte dos professores da sua Universidade são de Lisboa. Mas nunca lá alugaram casa. Tentam concentrar os seus horários de docência em 1, 2 ou, no máximo, em 3 dias, e vão e vem, todos os dias de Lisboa... Com esta mentalidade, como é que se pode "repovoar" o Interior? Sendo e tendo Évora, ao que me parece, tão agradáveis condições de fixação humana, até em Cultura: Gastronomia, um bom Museu, uma das melhores Biblioteca Pública (talvez a 3ª melhor, em Portugal) e uma movimentada actividade cultural. Nesse aspecto, sou pessimista.
    Um bom fim-de-semana.

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    1. Nos bons velhos tempos, conheci duas professoras que davam aulas aqui pela zona do Porto. Tinham a sua vida e a sua casa em Vila Real e iam e vinham diariamente.

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